domingo, 19 de novembro de 2017

Ricardo Reis – o poeta clássico; a consciência e a encenação da mortalidade

Texto expositivo-informativo (130-170 palavras) 2 hipóteses

Através da influência da Antiguidade Clássica, Ricardo Reis defende o estoicismo, o epicurismo e o carpe diem horaciano.
A sua consciência da efemeridade da vida leva-o à indiferença face à morte (“da vida iremos/Tranquilos”) e à reflexão sobre o fluir inelutável do tempo, comparando a vida ao curso de um rio que “passa e não fica, nada deixa e nunca regressa”. A aceitação estoica do poder do destino é reveladora da atitude de abdicação, conduzindo-o à recusa das emoções. A filosofia estoica une-se à epicurista na medida em que esta última defende a procura da felicidade relativa e da ataraxia e, por isso, da moderação dos prazeres, da fuga aos sentimentos extremos e ao sofrimento e a indiferença face à morte. Deste modo, Reis pretende aproveitar o dia e os prazeres do momento presente, já que tem consciência da efemeridade da vida, d’”o pouco que duramos”.
Concluindo, a aceitação passiva da realidade e a tranquilidade sem perturbação fazem da vida uma natural condenação à morte.
165 palavras

Alberto Caeiro – o poeta bucólico; o primado das sensações

Texto expositivo-informativo (130-170 palavras) 2 hipóteses

«O guardador de rebanhos», poeta do real objetivo, pensa vendo e ouvindo, recusando o pensamento metafísico.
            Caeiro é o poeta que vive em perfeita comunhão com a natureza, existindo uma plena identificação com os elementos naturais. Através de uma poesia deambulatória, “olhando para a direita e para a esquerda”, faz o primado das sensações, atribuindo maior importância à visão, à “ciência de ver”. Deste modo, recusa o pensamento, pois “nada pensa nada” e “pensar é estar doente dos olhos”. Assim, defende o objetivismo na poesia, assumindo uma atitude antimetafísica de rejeição do que ultrapassa a apreensão imediata do real. Exatamente por estes motivos existe uma defesa da naturalidade e simplicidade, não só temática, mas também formal.
            A contemplação simples faz de Caeiro um poeta da Natureza e do olhar, da simplicidade e clareza total e da objetividade das sensações, que pensa sentindo, pois «pensar [metafisicamente] é não compreender».
148 palavras