quarta-feira, 13 de maio de 2015

Análise de excertos do capítulo XIV - Memorial do Convento

Proposta de correção do Manual – Expressões – Porto Editora – p. 312

1.1. Domenico Scarlatti dirige-se ao padre Bartolomeu, começando por falar das construções de D. João V para, logo em seguida, introduzir a temática que desperta o seu interesse e razão pela qual procura o clérigo: a construção de um engenho voador.

2. O narrador alude aos jogos estilísticos típicos da literatura da época barroca, em que o sentido das palavras era frequentemente ofuscado pelas construções cultistas e conceptistas.

3. O músico consegue levar o padre Bartolomeu a revelar-lhe a passarola ao colocar em causa a hipótese de ser possível voar, pois, segundo ele, “só a música é aérea” (ll. 21-22).


4. Quando contacta pela primeira vez com a máquina de voar, Scarlatti coloca duas perguntas que levantam dúvidas sobre a concretização material da obra (a rigidez das asas e o modo de elevação da passarola).

4.1. Baltasar e Bartolomeu ficaram “per- plexos” (l. 33) com as perguntas do italiano, atitude demonstrativa da sua ingenuidade face às questões por ele levantadas.

4.2. Blimunda, entretanto chegada, responde a Scarlatti de modo muito lúcido, anunciando em linguagem quase poética a destruição do telhado da abegoaria para permitir a saída do engenho voador.

5. Vénus, deusa do amor, e Vulcano, deus do fogo, segundo a mitologia romana, eram casados. Para além dessa semelhança com o casal Sete-Sóis e Sete-Luas e da analogia presente no trabalho com o fogo/a forja, a aproximação pode igualmente remeter para a compleição física de Baltasar que, tal como Vulcano (que era coxo), apresentava uma deficiência, e mesmo para a discrepância, em termos de beleza, entre os membros do par.

6. Com a metáfora, Scarlatti equipara o trio Bartolomeu, Baltasar e Blimunda à Santíssima Trindade celeste, sendo o padre o pai, pela sua capacidade criadora, Baltasar o filho, aquele que continua as obras paternas, e Blimunda o espírito santo, intervindo na obra com matéria “não terrenal” (l. 54).

7. Blimunda e Baltasar mostram uma atitude defensiva e, em certos momentos, até agressiva e provocatória face a Scarlatti. Sete-Luas fá-lo inclusivamente ouvir “ressoar dentro de si a corda mais grave de uma harpa” (ll. 61-63) com a hostilidade. No final do excerto, as relações entre os três são esclarecidas através de um breve diálogo que principia em jeito de ameaça, mas no qual Baltasar termina a oferecer a sua ajuda para o transporte do cravo para a abegoaria, em sinal de aceitação de Scarlatti (l. 80).


8. e 8.1. a. Verdadeira. b. Falsa. Valor aspetual imperfetivo. c. Falsa. Modifica- dor do grupo verbal. d. Verdadeira.

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