sábado, 21 de fevereiro de 2015

Fernando Pessoa - Mensagem – Símbolos e Simbologia


Mensagem, obra pessoana épico-lírica de grande valor mítico-simbólico, apresenta uma estrutura tripartida que assenta no mito sebastianista e na concretização do Quinto Império.
As imagens simbólicas percorrem toda a obra retratando o «sonho português» do Quinto Império, começando logo pela estrutura tripartida que aponta para o ciclo da vida: nascimento, maturidade e morte como ressurreição, estabelecendo o trajecto de vida da pátria.
Também as subpartes de Mensagem adquirem uma simbologia específica, assim, em «Brasão» existem «os Campos» como símbolo de espaço de vida e da consolidação do reino; «Os Castelos» como representação de protecção e das conquistas dos heróis, sendo que os oito poemas que a compõem referem-se aos heróis históricos e mítico-lendários associados à fundação e identidade de Portugal; «As Quinas», que ilustram cinco personagens lutadoras e mártires da história da pátria, relacionadas com as cinco quinas da bandeira nacional e as cinco chagas de Cristo que ilustram a dimensão espiritual do país, traduzindo a consciência do destino pátrio; «A Coroa» que simboliza a realeza; e «O Timbre» que sendo uma marca pessoal, transforma-se num sinal de poder legítimo. «O Encoberto» possui uma divisão em três partes que se revela igualmente simbólica. «Os Símbolos», primeira subdivisão, anuncia a importância na crença do sebastianismo, como ideal espiritual a seguir; «Os Avisos», segunda subdivisão, representa as três vozes, Bandarra, Padre António Vieira e Pessoa, que profetizaram o Quinto Império para Portugal; e finalmente «Os Tempos» procura concretizar a predestinação já assumida de que «É a Hora» de Portugal cumprir a sua missão espiritual com o mundo.
A par dos dois aspectos acima citados, importa referir a simbologia que os números assumem em toda a obra, que está escrupulosamente construída, a fim de transmitir mensagens subliminares através do predomínio de determinados números, quer na divisão dos poemas pelas diversas subpartes, quer pela estrutura externa dos próprios poemas. Deste modo, é de salientar que os números um (unidade), dois (dualidade), três (santíssima da Trindade, Deus é um só Ser em três pessoas), cinco (as cinco chagas de Cristo), sete (período temporal unificante, associado ao Poder e ao acto da Criação) e doze (unidade, número da cidade santa, situada no Céu, a Jerusalém Celeste, que terá doze portas e na qual terão lugar os doze apóstolos, também relacionado com a Távola Redonda do Rei Artur), adquirem valor de símbolo, criando simbologias com os assuntos a que estão interligados.
Finalmente, os próprios conceitos, que surgem nos diversos poemas, como o «mar», a «manhã» ou o «nevoeiro» assumem um carácter simbólico, que remete para a principal linha de força de toda a obra: Portugal como país predestinado à concretização do Quinto Império.
                Concluindo, os símbolos e simbologia existentes em Mensagem concorrem sobretudo para transmitir a ideia da predestinação dos portugueses para a concretização do Quinto Império e para a crença sebastianista. 

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