quarta-feira, 28 de março de 2012

Simbologia do episódio da Ilha dos Amores

Ilha do Amores
                  A Ilha dos Amores simboliza o reconhecimento de Deus pelos feitos do povo português através de uma recompensa – a celebração de uma casamento cósmico entre as ninfas e os portugueses, através do qual Camões os eleva a um estatuto de divindades, é como se se dissesse que quem pratica feitos de tal magnitude merece a imortalidade própria da condição divina «Por feitos imortais e soberanos/O mundo cos varões que esforço e arte/Divinos os fizeram, sendo humanos». Deste modo, a viagem, mais do que a exploração dos mares, exprime a passagem do desconhecido para o conhecimento, não só a nível físico, mas também a nível espiritual/interior. Como diz Jorge de Sena estamos perante «a recolocação do Amor, do verdadeiro Amor, como centro da Harmonia do Mundo. A Ilha é uma catarse total, não apenas de todos os recalcamentos, mas das misérias da própria História, e das misérias da vida no tempo de Camões e fora dele (...) Ao desmistificar os deuses, Camões faz-nos assumir a fantasia como fantasia, dando aos homens a dignidade máxima de terem sido humanos, do mesmo modo que aponta aos homens a maneira de se divinizarem». 

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